quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Viúva Confirma: Valério Luiz Presenciou Tentativa de Compra de Resultado Pelo Atlético

Lorena Nascimento, Viúva de Valério Luiz
Por Ketllyn Fernandes 

De acordo com a viúva do jornalista Valério Luiz de Oliveira, a advogada Lorena Nascimento Oliveira, seu marido chegou a presenciar uma tentativa da direção do Atlético Clube Goianiense ( A.C.G) em comprar o resultado de um jogo há cerca de dois anos contra um time do Piauí.

A afirmação de Lorena confirma nova possibilidade de motivação para o assassinato do cronista esportivo, anterior à frase sobre o abandono do navio por seus ratos; além de refutar a tese levantada pelo advogado do cartorário e ex-dirigente do Atlético, Maurício Sampaio, o criminalista Ney Moura Teles, de que na época em que o crime começou a ser planejado não havia desavenças entre seu cliente e a vítima. Esse foi um dos pontos de destaque da entrevista exclusiva concedida pelo advogado à edição 1962 do Jornal Opção. (Leia íntegra aqui)

“Existia sim a compra de resultados por parte do Atlético [Clube Goianiense]. Uma dessas ocasiões foi há uns dois anos, num jogo com um time do Piauí. O Valério [Luiz de Oliveira] viajou com o time, ficou no mesmo hotel dos jogadores do Atlético e presenciou o Maurício Sampaio com uma mala cheia de dinheiro, só que eles não conseguiram comprar esse resultado, porque numa ocasião anterior esse time tinha recebido um valor maior que o oferecido e não aceitou a oferta dele”, relatou Lorena, sem saber dizer a data exata do fato, em entrevista concedida nesta quarta-feira (13/2) ao Opção Online.

Segundo ela, ao contrário do que tem afirmado Ney Moura, o desconforto na relação entre Valério Luiz e Maurício Sampaio já durava mais de um ano, tendo iniciado com as críticas ferozes do jornalista ao baixo desempenho do time. “Essa briga entre eles, todo mundo que acompanhava sabe, a imprensa sabe, era antiga. Principalmente na rádio [Rádio Jornal 820 AM], o Valério trocava acusações com o Maurício, jogava indiretas e até diretas, citando claramente o cargo dele. Lembro dele [Valério Luiz] falar muitas vezes que o Maurício Sampaio era um péssimo dirigente e que só estava em um cargo de direção no Atlético porque tinha dinheiro e prestígio”, detalha.

Indagada sobre se o marido comentava com ela a respeito de ameaças, Lorena Nascimento confirmou que cerca de dois dias antes do homicídio Valério Luiz havia sido ameaçado, frisando que os próprios amigos já vinham o alertando “para tomar cuidado”. “Numas das vezes que comentou sobre isso comigo ele foi bem direto. Disse que o Maurício Sampaio estava tentando destruir a carreira dele, mas não estava conseguindo. Ele chegou a dizer assim: ‘ o Maurício Sampaio é capaz de tudo para me destruir’. Mas o Valério pensava que iria ficar só nas ameaças”.

Para Lorena, ao chamar o inquérito de “lixo”, Ney Moura também desqualifica o Judiciário, que acatou os fatos nele narrados e expediu o pedido de prisão temporária de seu cliente. Também advogada, ela classifica a atuação de Ney Moura Teles de “jus esperniand’, jargão do direito usado para denominar advogados desesperados em provar algo, mas sem as devidas provas. “Ele está falando até na possibilidade de latrocínio [roubo seguido de morte]. Isso é totalmente sem lógica, o assassino nem desceu da moto, simplesmente atirou e foi embora, numa ação que durou um minuto e meio”, pontua. Lorena avalia que a estratégia usada pela defesa do acusado gira em torno de evitar que ele vá para o tribunal do júri, previsto pelo Código de Processo Penal brasileiro para casos de crimes contra a vida.

Lorena Nascimento afirma que os responsáveis pela morte de seu marido “tinham certeza da impunidade”. Para ela, a possibilidade de soltura de Maurício Sampaio, acusado de ser o mandante do crime e que se encontra sob prisão temporária de 30 dias, prorrogável por mais 30, pode atrapalhar tanto a conclusão das investigações como na esfera judicial. “Ele é muito influente”, reforçou.

Fonte: Jornal Opção

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