segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Rádio 730 Publica Defesa de Maurício Sampaio

A rádio 730, de propriedade do empresário Mauricio Sampaio que está preso por ser suspeito de mandar matar o comentarista esportivo Valério Luiz, publicou em seu portal a tese de defesa do acusado feita por seus advogados. 

Acompanhe a reportagem da emissora e tire suas conclusões.

Advogado aponta “inconsistências” em inquérito

Os advogados de Maurício Sampaio receberam uma cópia do inquérito fornecida pela delegada Adriana Ribeiro, responsável pela apuração do assassinato do radialista Valério Luiz de Oliveira. O documento aponta que a Polícia Civil seguiu uma única tese desde o início, a apontada por familiares de Valério. Segundo um dos defensores de Sampaio, Neilton Cruvinel Filho, “Maurício é absolutamente inocente e, por isso, não tem como existir prova contra ele”. Para o advogado o inquérito apresentado confirma esta conclusão.



Teria lhe causado surpresa que as dezenas de pessoas entrevistadas pelos policiais só foram perguntadas sob aspectos do envolvimento de Sampaio, “sempre nesta única linha de tentar provar sua participação”. Segundo Cruvinel Filho, seria impossível descobrir algo sobre seu cliente: “Nada foi apurado porque não há como se apurar algo que não ocorreu. De repente, do nada, aparece uma denúncia anônima dando o nome de um pretenso executor, disposto a confessar tudo”. O personagem mencionado é o açougueiro Marcus Vinícius Pereira, o Marquinhos, preso na sexta-feira. Segundo o inquérito, Marquinhos confessou o assassinato de Valério: “A polícia não investigou e descobriu Marquinhos. Ele caiu de paraquedas na investigação, a partir de uma denúncia anônima, pronto para confessar”.

Em sua análise, o depoimento de Marquinhos é “sem qualquer sentido”. Aponta contradições: “Primeiro ele diz que recebeu 10 mil reais, mas, minutos depois, já afirma que eram 9 mil”. Para o defensor de Sampaio, a confissão atende ao clamor social, “não ao conjunto probatório, que é muito frágil, mesmo depois de seis meses de investigação de quase uma centena de policiais”. A Polícia Civil admite que quatro delegados e 20 agentes investigaram o caso, mas fala-se em até 60 policiais usados no inquérito, incluindo diversos de outros Estados.

Ainda sobre Marquinhos, Neilton encontrou outros supostos equívocos: “Num só depoimento ele diz que pegou dois caminhos distintos para chegar ao local do crime”. A opinião da defesa é a de que, “aparentemente, alguém instruiu Marquinhos, fornecendo-lhe informações básicas para que ele desse um depoimento minimamente coerente, mas, como toda testemunha instruída, Marquinhos se contradiz sempre que lhe é perguntado algo minimamente fora do básico”. Cruvinel Filho identifica uma das falhas: “Por exemplo, no laudo pericial consta que foram seis tiros, disparados a dois metros de distância, por uma arma calibre 357. E Marquinhos afirma exatamente isso, que atirou seis vezes, a dois metros, com uma arma 357. Mas, perguntado sobre a marca do revólver, sua memória imediatamente piora. Ele diz não saber qual o fabricante da arma, pois não está com o revólver e que queimou a camisa usada no crime”. No inquérito, testemunhas se lembram de ter visto uma blusa vermelha, listrada. Alguns veículos da imprensa afirmam que o assassino estava de roupa preta.

Como já foi divulgado, Marquinhos garantiu à polícia que se comunicou com os agenciadores do crime por dois telefones comprados especificamente para isso, mas não sabe o número dos celulares. O advogado diz estranhar que, para um profissional do crime, o pistoleiro matou no meio da rua, durante o dia, uma pessoa pública que tinha a rotina divulgada em seu trabalho nos meios de comunicação. O açougueiro diz ter motocicleta, mas no assassinato teria usado a moto do pai, apresentada ontem pelos delegados. “Aquele que a polícia apresenta como exímio homicida nem se preocupou em usar um meio de locomoção sem relação com ele”.

Outro detalhe do inquérito ressaltado por Cruvinel Filho é quanto ao “roteiro cinematográfico” descrito por Marquinhos em seu depoimento: “Ele diz que ficou esperando no seu açougue, a vários quilômetros e muitos minutos de distância do local do crime e que, só após Valério sair da rádio, deslocou-se para lá, e já chegou atirando”. Cruvinel Filho, que atuou em outros casos e se considera pesquisador do tema, afirma que “o lógico de um pistoleiro seria ficar minimamente próximo ao que seria a cena do evento, esperando para abordar a vítima, e não de tocaia bem longe do local do crime”.

Cruvinel Filho cita outro trecho do depoimento no qual Marquinhos declara ter encontrado o sargento Djalma Gomes da Silva às 4 horas do dia do crime, 5 de julho de 2013. O advogado menciona que, “na mesma hora e dia”, Da Silva estava em outra cidade, numa diligência policial, em operação policial de combate a assalto nas estradas: “O Da Silva estava com outros militares apreendendo uma carga de cigarros roubados, o que certamente está amplamente documentado pela polícia. Ele só voltou a Goiânia durante a noite”. Da Silva integra a Polícia Militar e está preso desde sexta-feira acusado pela Delegacia de Homicídios de envolvimento na tragédia.

Segundo reportagens deste fim de semana, Marquinhos é um informante da Polícia Civil que há anos se envolve em crimes e faz acordo com quem o prende em troca de informações sobre outros autores de delitos. Policiais teriam dito aos defensores de Sampaio que Marquinhos é “o informante típico”, gosta de falar muito e “sempre tem alguma informação sobre tudo”. Não foi revelada pela polícia, que por diversas vezes contou com a colaboração do pistoleiro, nenhuma delação premiada de Marquinhos em que os envolvidos cumpriram pena. “O informante acaba virando um escravo do policial que o protege e decreta seu fim quando deixa de continuar prestando o serviço de entregar comparsas, inimigos ou quem seu credor mandar”.

A polícia escreveu no inquérito que Marquinhos contou ter sido contratado pelo motorista Urbano Carvalho, outro preso na sexta-feira. Para um advogado, Carvalho negou que conheça Marquinhos. Segundo o texto da delegada Adriana Ribeiro, Marquinhos coloca em seu depoimento que Carvalho e Da Silva se revezaram nos contatos para agenciar a morte do radialista. Um teria pago pelo crime, outro forneceu o revólver e os celulares e depois os recolheu. O advogado Cruvinel Filho diz que “é mais uma debilidade do depoimento e, portanto, do inquérito”: “Quem já atuou em desvendar crimes de pistolagem entende que não é usual neste tipo de situação duas pessoas atuarem para uma terceira executar”.

Cruvinel Filho lista diversas outras contradições no depoimento de Marquinhos e as qualifica de “enormes”: “Como o depoimento de Marquinhos é a única prova nos autos do inquérito entregue à defesa, teria de ser firme, mas está claro que não é, é apenas a confissão de uma pessoa que parece plantada na investigação”. Segundo Cruvinel Filho, “os advogados de Maurício, com convicção e veemência, garantem que ele é inocente”: “Por causa da pressão da imprensa, pegou-se um depoimento para condenar, antecipadamente e sem prova nenhuma, uma pessoa inocente, um homem honrado e respeitado, religioso, caridoso, humanista, enfim, um homem bom, que nada fez de errado e não tem relação nenhuma com a morte de Valério Luiz”. Segundo o advogado, a defesa lamenta “esta prática da polícia de prender sem provas para ver o que descobre, destruindo reputações, famílias, gente inocente”. Cruvinel Filho diz que está à disposição “de toda a imprensa para discutir o caso”. 


A Rádio 730 e o portal730.com.br fazem a cobertura normal do caso Valério Luiz. Não houve, em nenhum momento, sequer intenção ou gesto de esconder os fatos. O que a 730 evitou foi dar publicidade a fofocas, principalmente as originárias de irresponsabilidades nas redes sociais. Alguns autores de textos no Twitter e no Facebook, mesmo recém-acusados de crimes e contravenção, ficaram os últimos dias, e até meses, exigindo que a rádio tripudiasse acerca de caluniados. A campanha contra a 730 advém das ligações familiares de Maurício Sampaio com um dos diretores da emissora. Maurício foi preso ontem pela Polícia Civil e a 730 noticiou o fato com o devido destaque.

Grande parte dos profissionais da 730 trabalhou ao lado de Valério Luiz e alguns até hoje atuam na televisão com seu pai, Mané de Oliveira. Por amizade e por desejar que a verdade triunfe, os jornalistas e a direção da rádio e do portal torceram o tempo todo para que a Polícia Civil e o Ministério Público desvendassem a tragédia. Ao que parece, isso ainda não ocorreu, conforme admitem os próprios delegados que investigam o caso. O assassinato de Valério nunca foi tabu na programação da emissora, que não censura tema algum, muito menos a morte de um colega. Em diversos editoriais, a 730 cobrou das autoridades a solução dos homicídios em Goiás, 3 mil nos últimos três anos, inclusive o de Valério. Nosso Estado sedia uma carnificina e as autoridades simplesmente lavam as mãos com o sangue dos goianos.

Mané de Oliveira é um cronista respeitado e admirado. A sua dor, exposta diariamente, é proporcional a alguém que perdeu um filho, ainda mais de forma tão trágica. É justa e necessária, além de emocionante, a sua luta em favor de resultados da investigação. A morte de um filho é tão brutal que descumpre o ciclo natural do ser humano. No caso de Valério, foi mais traumática ainda devido às circunstâncias. Portanto, Mané de Oliveira está correto. Erradas estão as autoridades, principalmente as da polícia, em não perseguir todo viés na apuração do caso. Imagens da televisão mostram Mané de Oliveira chegando ao local do assassinato pouco após a tragédia. Foram cenas emocionantes de um pai vendo o corpo do filho estendido no chão. Aos prantos, Mané de Oliveira dizia saber quem havia matado seu filho. É inteligível que o pai reaja assim, pois seu sofrimento é impossível de descrever. Impossível de entender é que a polícia tenha levado seis meses para assumir que ficou o tempo todo martelando no que Mané de Oliveira não levou seis minutos para afirmar. Ao fazer isso, a polícia semeou a dor em pelo mais uma família, a de Maurício Sampaio. Ao prenderem Sampaio, as autoridades pensaram que agradariam a Mané e à sociedade. Imaginaram errado. O que satisfaz a sociedade, inclusive aos familiares das vítimas, é a verdade. E à verdade real não se chega para saciar a sede por manchetes, mas esgotando todas as possibilidades de investigação.

As amizades que Maurício Sampaio cultivou no mais de meio século em que mora em Goiânia são grandes nos mais diferentes órgãos da imprensa goiana. A nenhum profissional da mídia, inclusive na 730, Maurício pediu para evitar divulgação do Caso Valério. O que é fato, é fato e vira reportagem. Mas também é fato que a polícia produziu, em 20 mil dias de trabalho (cerca de cem profissionais durante quase sete meses), uma peça considerada frágil até pelos integrantes da segurança pública. Tanto que se manifestam de forma reticente, pois sabem das debilidades que serão atacadas pela defesa. (Leia Advogado aponta “inconsistências” em inquérito)

Há quem afirme que a polícia atuou em quatro frentes, mas quem já leu o inquérito diz que houve apenas um alvo, o chamado “grupo do Atlético”. Por esse raciocínio, o homicídio de Valério obrigatoriamente teria sido traçado por algum dirigente do clube. Foram nominados três, o deputado federal presidente do Atlético, o coronel diretor de comunicação do clube e o empresário Maurício Sampaio. Para demonizar a figura de Sampaio, foram criados os boatos, alimentados pela falta de provas que a polícia não conseguiu colher. Diziam que Sampaio havia fugido para uma fazenda no Texas, uma estação de esqui no Chile ou qualquer outro lugar bem longe de onde ele sempre esteve, sua casa no Setor Oeste. O mandante escolhido pelos mexericos foi o mandante protagonista da investigação. Tanto nos documentos que deveriam fundamentar sua prisão quanto no inquérito, não há uma só prova, segundo informa um de seus advogados.

Para atender a uma agenda de prisões, que obrigatoriamente deve coincidir com o calendário oficial do governo de Goiás, implantou-se a dor em mais uma casa, a casa de Maurício Sampaio. A ela se somam outras 1.500 apenas de 2010 para cá. A lei não consegue conter esse disparate, só o bom senso e a competência para investigar. Enquanto ambos ficam mais distantes que o Texas e os Andes, espalha-se o sofrimento entre as famílias dos mortos e dos que nada têm a ver com os casos, como os defensores afirmam estar acontecendo com Maurício Sampaio.



Maurício Sampaio e Neilton Cruvinel São Sócios



Segundo informou o radialista Auvaro Maia em seu blog, Maurício Sampaio é dono de 70% da rádio 730, os outros 30% pertencem ao advogado Neilton Cruvinel .

2 comentários:

Faria disse...

Que vergonha 730, vocês são o único veículo em defesa da imoralidade, da pistolagem, do coronelismo. Não reclamem se um dia forem vítima da mesma truculência coronelística deste "estadinho" podre.

Unknown disse...

Se mandou matar tem que pagar,mas,existe uma distância muito grande entre o se e o está confirmado,a plolicia de Go é falha,não só neste caso como em muuuuiiiitos outros já conhecidos,sendo assim,deveriam primeiro ter a certeza da acusação para depois prender e não se sentir acuada por um pai que por ser da imprensa,fez pressão(o que ele está certo,mas,e os outros pais?),errar em GO é sinônimo de segurança pública,repito,se dever tem que pagar,mas até se PROVAR o contrário,o sr Mauricio Sampaio é inocente(e eu nem conheço esse sr).