terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Diretor de Jornalismo da Rádio 730, Nilson Gomes, Defende Liberdade Imediata Para Maurício Sampaio

O Diretor de Jornalismo da rádio 730 Nilson Gomes escreveu um artigo  no Jornal diário da manhã com o título defende que a Justica e a polícia devem colocar em liberdade imediata o cartorário Maurício Sampaio que está preso por ser suspeito de ser o mandante do assassinato do comentarista Valério Luiz. No texto que tem como título  Liberdade para Mauricio Sampaio é o Mínimo a Se Fazer Pela Democracia, Nilson Gomes enumeras alguns pontos: 

diz que Maurício Sampaio está sendo injustiçado e que a família dele está sofrendo. Nilson ataca o trabalho da polícia e diz que diversos outros jornalistas criticaram as atitudes de Maurício Sampaio e estão "vivinhos da silva". 

 Acompanhe o artigo do Diretor de Jornalismo da Rádio 730


O que se apresenta como prova ou indício é um amontoado de nada misturado com coisa nenhuma:
ATLÉTICO – Diz-se que a motivação do crime teriam sido críticas de Valério contra a direção do Atlético Clube Goianiense, do qual Sampaio havia sido vice-presidente. Sete meses de investigação, com dezenas de policiais, foram insuficientes para confirmar esse motivo. Para começar, o motivo é de uma banalidade que beira a hediondez. Os acusados repetem a frase mais forte de Valério, comparando os dirigentes do Atlético a ratos a abandonarem o navio. Maurício deixou a diretoria do clube. Pronto!, eis a a prova técnica, a prova científica, a prova irrefutável, a balela suprema. Se alguém chamou o outro de rato e até agora não se descobriu quem matou o crítico, só pode ser o criticado. O problema é que, diretamente, não houve sequer esse xingamento. Valério usou uma figura de linguagem. Diversos outros jornalistas criticaram a atitude de Sampaio e estão vivinhos da silva. O motivo fútil qualifica o homicídio, mas a falta de link desqualifica a acusação. Nada liga a morte de Valério à crítica feita à diretoria do Atlético.
RAPIDEZ – Quem primeiro falou o nome de Maurício não foi policial, mas um radialista, Mané de Oliveira, pai de Valério. Ainda no local do crime, com o corpo do filho à espera do IML, Mané assegurou que sabia quem havia matado Valério. A amigos, disse que teria sido Maurício Sampaio. Compreende-se a dor de um pai diante de uma tragédia que vitimou-lhe o filho. Em poucos minutos, Mané direcionou as dezenas de policiais e jornalistas pelos meses seguintes. Desde o início de julho de 2012, quando Valério foi assassinado, a polícia e a imprensa se fixaram em Maurício Sampaio. Ou era ele ou ele. Se não fosse ele, seria ele. Escolhido o mandante, era necessário encontrar provas. Não encontrando, não tem problema, continua sendo ele. Seguir uma única linha de investigação rende à Polícia Civil alguns de seus grandes erros. Um deles pode estar ocorrendo agora.
CÂMERA DESLIGADA – A Rádio 820 AM, onde Valério trabalhava e perto da qual foi assassinado, tem câmeras de vídeo. A única câmera que poderia filmar o homicídio com bons ângulos estava desligada exatamente naquele instante em que Valério foi assassinado. O porquê de ela estar desligada poderia ser uma das linhas de investigação? A polícia não responde.
A COR DA PELE – A polícia apresenta uma testemunha que parece sofrer o grave problema do daltonismo. A testemunha apareceu um mês após o crime e, para a polícia, era definitiva. O criminoso teria parado por um instante e olhado nos olhos da testemunha. Por isso, ela se lembra de o assassino ter sardas. Num tempo em que ninguém presta atenção a características, a moça é um assombro: ela viu os detalhes mirando-o por baixo do capacete do atirador. Foi apenas a primeira versão. Desde que surgiu para resolver a identificação do pistoleiro, a testemunha tem mudado de opinião. No início, o matador era moreno. Depois, passou a ser negro. Em seguida, ficou branco. Agora, talvez seja azul. Não se trata de coincidência. O depoimento se molda ao auê do dia. Surgiu um policial suspeito e sua pele é escura. Pronto, ela viu um assassino negro por baixo do capacete. Não, uma carta anônima garante que o pistoleiro é moreno. Não tem problema, até que ele era meio claro mesmo. Ah, a polícia arrumou um alcaguete que assume o homicídio, mas ele é branco. É, quer saber?, ele tinha sardas de tão branco que era, era praticamente um sueco. Tem uma memória de computador da Nasa, para um mês depois se lembrar das sardas, mas falha na identificação das cores, como se um vilanovense fosse para o estádio Serra Dourada e vibrasse com o verde do Goiás.
AS CERTEZAS – A polícia tem muitas certezas, todas elas tão absolutas que se restabeleceu no inquérito o absolutismo no Brasil. Só quanto ao atirador já são três certezas infalíveis: ele era branco, moreno ou negro; estava de camisa vermelha, preta ou lilás; quem pagou foi o Maurício, ou o Borges, ou o Sampaio. Antes de saberem se era um crime de mando, os acusadores já sabiam que existia um mandante e que esse mandante se chamava Maurício Borges Sampaio.
HOLOFOTES – A vontade de aparecer na mídia ofusca a procura pelos verdadeiros criminosos em quaisquer casos. Na investigação do assassinato de Valério Luiz, essa assertiva se evidenciou. Alguns personagens ficaram mais tempo concedendo entrevista, ligando para produção de TV, procurando telefone de apresentador, do que se esforçando para encontrar pistas. Não se nota o mesmo esforço na busca por assassinos de gente anônima. O jornalista Édson Costa, aqui do Diário da Manhã, diz que a polícia não acha nem pequi no arroz. É duro de roer e espinhento por dentro, mas é a verdade: nos últimos anos, com a equipe atual quase completa, houve 3 mil homicídios em Goiás e os números são ingratos. A polícia não consegue destrinçar. Em Anápolis, por exemplo, houve 130 homicídios em 2012 e sabe quantos a polícia investigou até descobrir os autores? Nenhum, informa o repórter policial de uma rádio da cidade. Nenhum. Em Goiânia, os índices também se aproximam de zero. Ou o criminoso é preso em flagrante ou o caso caminha para a lista dos insolúveis. Por isso, Mané de Oliveira está correto ao insistir para que não se esqueça de solucionar o assassinato de seu filho. Sob pressão, os resultados também não apareceram. Aí, Mané de Oliveira foi mais eficiente do que dezenas de policiais juntos: ele próprio, sozinho, sem qualquer aparato, delineou o que delegados e agentes trilharam nos últimos 200 e tantos dias. Portanto, se não houver holofote nem pressão, os homicídios viram estatística e nada mais que um caso perdido a mais.
HORÁRIO DO CRIME – Quem acompanha o caso somente pela imprensa notou que a polícia vaza algumas peças da investigação, que dizem ser sigilosa. E aí se notam os pés de barro do inquérito, que é mais cheio de buracos que a GO ligando a cidade de Goiás a Itapirapuã. Valério saía do ar às 14 horas e o vídeo que a polícia mostra como autêntico tem crateras intransponíveis. O primeiro é o horário, que não bate com o que a testemunha narra. Um apresenta no canto a identificação 1:57, outra diz que foi às 2:57 ou algo assim, diferença de uma hora. Outro detalhe que não rima é o percurso que a polícia mostra no vídeo. Segundo a polícia, o criminoso gastou 90 segundos para passar em frente à câmera, andar cerca de 1 quilômetro, matar o radialista e voltar. Ou o sujeito da filmagem não é o atirador ou então ele pode ir direto para a Europa disputar os grandes prêmios de motociclismo e os jogos olímpicos na modalidade tiro ao alvo. Até eu, que sou besta, fiz o cálculo e não encontrei nexo: não bate a distância mostrada, não bate o horário, não bate a duração. Até a cor da roupa não é a mesma. E a cor do motoqueiro, também não. Enfim, um verdadeiro samba da investigação enlouquecedora.
TERRENO – O advogado Ney Moura já demoliu o inquérito, mas a imprensa lhe deu pouca atenção. Da defesa, destaque para o caso do terreno. Acusa-se Maurício Sampaio porque ele tem um terreno em frente ao local do homicídio e o teria cedido para um sujeito que, segundo a polícia, está envolvido na morte de Valério. Moura esclareceu que a compra da área antecedeu, e muito, a morte do radialista. Sampaio estaria adquirindo os imóveis para construir um conjunto de prédios. Entrevistada pelo Jornal Opção, a delegada travou com o repórter o seguinte diálogo, o repórter pergunta: “A casa em frente à Rádio 820 foi adquirida há apenas 4 meses mesmo? Vocês têm noção do valor do imóvel?”. A delegada responde: “Mais ou menos por cima nós tínhamos a noção. Mas foi há quatro meses mesmo.” O repórter pondera: “A defesa alega um ano...”. E a delegada se sai com esta: “Pode ser”. Ou seja, para o inquérito, não importa associação tão vital entre o fato e aquele que ela encarcerou como mandante. Não importa que o programa acabe às 14 e o homicídio tenha se dado antes ou que a filmagem seja de uma hora depois ou que o percurso do pistoleiro tenha sido feito por avião supersônico ou que o imóvel tenha sido comprado um ano ou quatro meses antes. Não importa. Se for para prender Maurício Sampaio, tudo vale a pena se a pena não for pequena.
MUDANÇA – Além do horário, da cor da pele e da roupa, outras mudanças visíveis na ponta do iceberg vista pela imprensa foram quanto aos depoimentos. Os executores já foram três. Como quem deu os tiros foi apenas uma pessoa, ela se transmutou uma vez a cada 70 dias. Os acusadores já tiveram certeza absoluta de que o pistoleiro foi o sargento Djalma Gomes da Silva, que coincidia com o testemunho de vilanovense que torce pro Goiás. Depois, houve a confissão do açougueiro Marcos Vinícius Pereira Xavier e a polícia não teve dúvida e o levou à cadeia e, junto, arrastou Maurício Sampaio. Segundo o açougueiro, teria sido “o patrão” de quem o pagou e esse patrão era Sampaio. A certeza absoluta não durou 72 horas. No dia seguinte, a polícia sabia sem sombra de dúvidas que o pistoleiro era novamente Da Silva. Aí, o açougueiro mudou de versão, abandonou a tese de autor, se disse partícipe e tudo bem, não tem problema, desde que Maurício Sampaio continue preso. Logo após, nasceu outra certeza absolutíssima, a de que o matador era o cabo Figueiredo. Diante de tantas certezas absolutas, a Justiça pode levantar uma dúvida: havia três sujeitos em cima da moto ou alguém aí não está levando a sério a investigação?
FIXAÇÃO EM MAURÍCIO SAMPAIO – Todas as possibilidades de manter Maurício Sampaio em liberdade foram esgotadas diante de uma obsessão, a de que ele era o mandante do assassinato de Valério. Cadê as provas? Não tem prova. Cadê os indícios? Não tem também não, doutor. E certeza? Ah, doutor, certeza eu tenho, foi ele mesmo, ele é rico e quem é rico mata mesmo, doutor, não pode brincar com rico, não. Mas cadê prova? Tem não sinhô. E cadê indício? Vosmicê num há de ver que num tem também... E o que vocês, afinal, têm contra Maurício Sampaio? Ah, dotô, nóis tem a cêiteza, a cêiteza de que foi ele mêmo que mandô matá o hômi. Mas de onde vem essa certeza? Uai, dotô, ele é rico e rico mata mêmo. Os diálogos no caso são desse gênero, uns falam em Português, outros em mauricês, inventaram um idioma para pegar Maurício Sampaio e quem não falar a mesma língua está afastado do caso.
SEM RISCOS COM A SOLTURA – Maurício Sampaio tem de ser libertado logo, porque a polícia colocou dezenas de integrantes para investigá-lo durante sete meses e até agora não conseguiu nada. Seu advogado já disse que não conseguiu não foi por incompetência, mas porque não existe nada contra Maurício Sampaio. Sua liberdade não oferece risco algum para o processo, para o inquérito, para a investigação, para as testemunhas. Maurício Sampaio é uma pessoa do bem, que não pode ser punida apenas por ter muitos bens.
QUEM É O PODEROSO? – Dizia-se que Maurício Sampaio era muito poderoso e, por isso, jamais seria preso. Pois ele foi preso sem qualquer prova, sem nada. Parece birra. Alguém colocou na cabeça que seu projeto de birra era levar um poderoso para a cadeia e o poderoso escolhido foi Maurício Sampaio. Poderoso em quê? Ele nunca se valeu dos amigos que tem, e são muitos, para nada de ilegal. É um benemérito, benfeitor. Mantém diversos projetos sociais e não dá a menor publicidade disso. Alguém pode ter esse perfil e, ainda assim, mandar matar alguém? Pode, mas para se dizer que é ele é preciso provar e ninguém tem prova alguma contra Maurício Sampaio. Poderoso não é ele, poderoso é quem usa a imprensa, aproveita cada gotícula de luz dos holofotes para aparecer.
A HUMILHAÇÃO – Desde que foi preso, Maurício Sampaio vem sofrendo horrores. Não é um preso comum. Pior que isso, é o preso que algumas pessoas escolheram para expiar as próprias frustrações. Alguém deu a dica e surgiram as imagens de Sampaio no camburão. O que isso diz da polícia? Apenas que suas práticas não mudaram, apesar de os tempos e os nomes serem outros. Foi designado como seu cárcere um cubículo em Aparecida. Para que isso? Talvez seja para o humilhar. Maurício Sampaio poderia ter ficado numa cela mais humanizada, na própria Delegacia de Homicídios. Mas não, é insuficiente prender sem provas, é necessário também oferecer as imagens dele no camburão e o martírio atrás das grades.
O SOFRIMENTO DA FAMÍLIA – A imagem de Maurício Sampaio está afetada, mas isso é o que menos deve lhe interessar agora. O que vale é a liberdade, é estar junto da família. Mulher, filhos, amigos, parentes estão sofrendo dos dois lados, tanto os de Valério quanto os de Maurício Sampaio. E se a polícia depois descobrir que os assassinos de Valério não foram os três já apontados? E se os assassinos estiverem livres por aí, zombando da polícia e da investigação? Ninguém responde a isso sem se indignar. O estrago na imagem é impossível de conserto, mas o pior é se saber inocente e pagar por algo que não fez.
HORA DE SOLTAR – Passou de hora de Maurício Sampaio voltar para o convívio de seus familiares. O que ele tinha de ser humilhado, já foi. O que alguém tinha de ir à forra, já foi. O que apareceu de zombaria, já foi feita. Agora, com os instintos mais selvagens satisfeitos, é hora de dar liberdade a quem merece. Não existem razões legais para mantê-lo preso. E a Justiça, na sua totalidade, não se rende a pressões nem satisfaz a sanhas. Décadas de lutas pela democracia não podem ser jogadas fora no sistema de prender para obter provas não coletadas durante a investigação. O Brasil não merece tal retrocesso.

Um comentário:

Sarah Maia disse...

Pouca atenção pro NeY moura telles? Não foi no Balanço Geral segunda feira porque não quis. Foi convidado e cancelou a ida.