sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ex Técnico do Barcelona, Guardiola, Diz Que Neymar é o Oposto de Messi

Ao todo, foram 550 coletivas de imprensa com cerca de 40 minutos cada uma. Praticamente nenhuma entrevista exclusiva. Apenas uma para uma emissora de TV italiana que terminou se provando uma decisão infeliz. Nos quatro anos em que esteve à frente do Barcelona, Pep Guardiola evitou conversar individualmente com os jornalistas. Não se permitiu dar qualquer privilégio. Acabou guardando detalhes de sua passagem como treinador por Camp Nou para o livro que começa a ser vendido hoje na Inglaterra.

“Another way of winning” (Outra maneira de ganhar) foi escrito por Guillem Balagué, um dos principais jornalistas europeus e comentarista da Sky Sports TV e Cadena Ser e correspondente do diário AS em Londres. A biografia do ex-técnico do Barça é resultado de um trabalho de quatro anos que inclui entrevistas com Lionel Messi, Johan Cruyff, Mourinho, Xavi e Iniesta, dentre outros. Pep Guardiola, claro, também fala e esteve presente em todo o seu processo de construção. Foi ele, inclusive, o responsável por intermediar uma entrevista com o técnico do Manchester United, Sir Alex Ferguson, que assina o prólogo e dá detalhes sobre como a equipe inglesa esteve perto de contratar Guardiola antes de trazer o argentino Juan Sebastián Verón.

Cordialmente, Balagué enviou uma cópia do livro para o blogueiro. Abaixo, cinco passagens marcantes da rotina de Guardiola envolvendo brasileiros. Como destaques, a comparação que fez entre os estilos de Neymar e Messi antes da final do Mundial de Clubes, a reunião para a saída de Ronaldinho do Barcelona e a admiração que, ainda como jogador, nutria por Romário.

Neymar e Messi opostos

No Mundial de Clubes, antes da decisão entre Santos e Barcelona, Pep Guardiola comentava com um amigo sobre a diferença entre uma estrela e um profissional e pediu para que ele observasse Neymar. O corte de cabelo especial do brasileiro para o jogo, o relógio chamando a atenção e as mensagens em japonês na chuteira. “Agora olhe para Messi. Melhor jogador do mundo. Talvez da história. E, ainda assim, apenas Messi”, disse ao colega.

O “sim” de Messi a Neymar

Houve uma época no Barcelona em que se temia o tamanho do poder de Messi no vestiário. Criticavam a forma como o craque vinha tratando os mais novos. E apenas reforçando esse prestígio interno do atacante, consultaram o seu staff sobre o que achariam da contratação de Neymar. Messi conhecia a estrela do Santos através de Daniel Alves e os jogos de videogame que o trio costuma disputar online. A resposta do argentino acabou sendo positiva. “Vão em frente. Tragam ele”.

A bronca de Cruyff ao “tiete” Guardiola

Na chegada de Romário ao Barcelona em 1993, o então técnico do clube, Johan Cruyff, convidou o Baixinho e Guardiola para jantarem ao seu lado. O holandês ficou impressionado com a admiração e até mesmo reverência mostrada por Pep para com Romário. Na primeira escapada do brasileiro para o banheiro, veio, então, a bronca do treinador, pedindo para que o volante espanhol parasse de agir com um garoto de 15 anos.



O desabafo de Daniel Alves

Em sua primeira pré-temporada com o clube, em 2008, na Escócia, Guardiola e o seu auxiliar, Tito Vilanova, ainda procuravam afinar o discurso com os jogadores sobre o estilo da equipe. Foram diversos os trabalhos de correção de posicionamento. Um deles envolvendo uma discussão um pouco mais ríspida com o capitão Puyol em que Guardiola e Vilanova divergiram entre si. Na volta ao vestiário, o lateral-direito Daniel Alves acabou desabafando aos companheiros. “Nós todos sabemos jogar futebol, mas poucos aqui entendem como o treinador quer que joguemos”.






Ronaldinho “mudo”

Após a derrota para o Inter na final do Mundial de Clubes, o Barcelona havia decidido dar alguns dias a mais de folga para os jogadores latino-americanos (Rafa Márquez, Ronaldinho e Deco) e, ainda assim, viu todos eles retornarem do período de descanso atrasados. A paciência com o trio estava por um fio e se rompeu com a chegada de Guardiola ao comando. Rafa Márquez ainda durou mais algum tempo no clube, porém, Ronaldinho e Deco foram logo chamados para conversar. No papo entre Pep e Ronaldinho, segundo conta o próprio treinador, o brasileiro entrou mudo e saiu calado. Ouviu que não se tratava de uma decisão fácil, que, por trás daquele jogador fora de forma, ainda existia um talento extraordinário, mas que seria necessário recuperar todo o seu potencial em outra equipe.

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