Um dia depois de ter a casa demolida por patrolas da prefeitura de Goiânia, o motoboy Alex Dias Machado ainda não tem onde dormir com a esposa e os dois filhos. A demolição foi autorizada pelo prefeito Paulo Garcia (PT), que mandou avisar que construiria uma avenida que passará pelo local. A casa fica na avenida 2ª Radial, no setor Pedro Ludovico.
"Um homem da prefeitura chegou aqui dizendo que a prefeitura estava de olho no local e foi demolindo", relata Josias Gomes Júnior, cunhado de Alex Silva. Segundo Josias, o cunhado, que trabalha como entregador de imóveis, comprou o lote há cerca de dois anos e construiu uma casa para morar com a mulher e os quatro irmãos.
"O que ele fez foi demolir o barraco que tinha e construir outra casa no local. Mas aí a prefeitura foi e demoliu sem falar nada. Só mostrou um papel e foi derrubando tudo com as máquinas", relata Josias.
Segundo Josias, o cunhado foi para o trabalho sem saber onde vai dormir esta noite. "A gente empresta nossa casa por enquanto, até ele conseguiu arrumar outro local. Mas não sei vai caber todo mundo, afinal ele tem outros irmãos que também moravam na casa. Como que a prefeitura demole uma casa sem encontrar outro lugar para a pessoa morar? É uma falta de respeito", desabafa Josias.
Segundo a assessoria da Agência Municipal de Obras (Amob), o imóvel foi demolido por se tratar da área onde será construída a continuação da Avenida Marginal Botafogo. A família de Alex passou a noite na casa de amigos no setor Bela Vista.
TRATOR
Segundo a sogra de Alex, Dulce Helena Cavalcante de Jesus, o entregador comprou a cessão do lote na avenida há cerca de um ano. Como o barracão antigo estava cheio de infiltrações, ele o derrubou para poder construir uma nova casa e assim morar com a família.
"Mas o pessoal da prefeitura chegou aqui, sem ordem judicial e foi derrubando tudo. O documento só tinha a assinatura do secretário, nada mais. Eles ainda disseram que, se a gente não saísse, iam derrubar a casa com todo mundo lá dentro", relata Dulce. Segundo ela, sua filha estava em casa amamentando o filho mais novo de oito meses, quando a patrola da prefeitura começou a demolir o imóvel.
Dulce conta que ainda tentou conversar com o funcionários da Amob para tentar resolver a situação, mas não foi ouvida. "O pessoal da prefeitura disse que se a gente não saísse, ainda poderíamos ser processados por abandono de incapaz", conta a mulher, se referindo aos netos menores de idade.
Dulce mora há 28 anos no Setor Pedro Ludovico e diz que a prefeitura promete, há anos, conceder as escrituras dos imóveis aos moradores. "Em vez disso, eles fazem é destruir tudo o que a gente lutou para construir. Minha filha e meu genro perderam no mínimo 30 mil com a casa demolida."
Segundo Dulce, os funcionários da prefeitura ameaçaram prender a família caso houvesse resistência. Ela disse que ficou assustada com a presença de quatro carros da Guarda Municipal, cada um ocupado com três guardas. Dulce disse que o genro pretende processar a prefeitura para reaver os danos causados. "Ele está indignado. Como foi perder tudo isso?"
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