segunda-feira, 3 de setembro de 2012

“Polícia Está Perdida na Investigação da Morte do Radialista Valério Luiz”


O Jornal Opção recebeu a “informação” de que a Polícia Civil vai pedir a prisão preventiva de um oficial da Polícia Militar que teria “participado”, direta ou indiretamente, do assassinato do radialista Valério Luiz. A mesma fonte acrescenta que o assassino do polêmico profissional seria um policial aposentado. Provas? A fonte não apresentou nenhuma, mas ressalvou: “Estão procurando um militar da ativa, o que é um erro”. Como as informações não são precisas e as fontes oficiais preferem não discutir o assunto, “para não atrapalhar as investigações”, um repórter do Jornal Opção encontrou-se com dois delegados da Polícia Civil em busca de um entendimento do quadro real. Eles são céticos em relação às informações, exceto quanto à possibilidade de o assassino ser um policial militar aposentado. “Há policiais aposentados ainda jovens”, afirma um dos delegados.
O delegado mais experimentado, confrontado com a possibilidade de prisão de um oficial do PM, diz, agastado: “Aposto meu automóvel que não procede a história da prisão preventiva do militar. Se o prenderem, possivelmente farão a mesma lambança que fizeram na investigação da chacina de Doverlândia. Na investigação da morte de Valério, os policiais estão mais perdidos do que cegos em tiroteio”.

O delegado mais jovem e mais calmo não discorda: “É preciso concentrar, organizar as informações, para reencontrar o rumo correto da investigação. Mas não se pode ter preguiça”. Seu colega pontua: “O filme ‘Todos os Homens do Pre­sidente’, que explica as razões da renúncia do presidente americano Richard Nixon, indica que havia um homem dentro do sistema contra o sistema. Publicaram uma série de dossiês contra um tenente-coronel para queimá-lo. Há uma pessoa dentro do sistema que está contra o sistema. A Polícia Civil não investigou quem elabora os dossiês na PM e, sobretudo, a mando de quem. É uma falha da investigação.”

O delegado que diz ter investigado mais de 500 crimes, “com sucesso absoluto”, afirma que é fundamental rastrear os telefonemas dos grupos que estão elaborando dossiês na Polícia Militar. “Será que fizeram o rastreamento dos hotéis em Goiânia para verificar sobretudo quem deixou a cidade no dia do assassinato ou no dia seguinte? Se não fizeram, cometeram um erro. Cruzaram os telefonemas daqueles que são apontados como suspeitos próximos e remotos? Verificaram os telefonemas de um homem endinheirado nos dias que antecederam o crime, no dia do assassinato e um ou dois dias depois da morte do radialista? Espero que tenham feito. Não é possível que não surja nenhum fato que colabore para o esclarecimento do caso.”

O delegado que está há pouco mais de dez anos na Polícia Civil faz uma pergunta: “Por que o homem que matou Valério Luiz não fez muita questão de esconder o rosto?” Ele próprio apresenta uma explicação: “Como parece um assassino profissional, certamente sabia que poderia estar sendo filmado, sobretudo porque estava na porta de uma rádio [a 820]. Por isso, pode não ser de Goiânia. Se for, acredita na possibilidade de impunidade”. Ele sugere que os torcedores “mais fanáticos” do Atlético devem ser investigados. Valério Luiz, pouco antes de ser morto, fez críticas, apontadas como “duras” e “polêmicas”, a dirigentes e ex-dirigentes do Atlético.

O delegado mais experiente diz que duvida que o tenente-coronel Urzêda tenha “passado mal do coração” no dia de seu depoimento, ao ser pressionado por três delegados. Ele volta a falar sobre a possível prisão de um oficial: “Para prender um militar, sobretudo de patente alta, é preciso ter informações mais precisas. O juiz poderá não atender a polícia, desmoralizando o inquérito. A saída é reunir-se num sala, rever os equívocos e discutir com quem tem experiência efetiva em investigações criminais. A leitura das leis e o entendimento preciso do Código Penal não resultam em capacidade investigativa. A polícia tem investigadores que sabem das coisas, mas estão sendo mantidos à margem. Fiquei sabendo, até, que uma delegada teria dito: ‘Este crime tem de ser desvendado por uma mulher para fortalecê-las na polícia’. Nada contra, pois há delegadas da mais alta qualidade, mas o sexismo não funciona na polícia, sobretudo em investigações complicadas. A união de inteligências e experiências é que contribui para o esclarecimento dos crimes. Sobre assassinatos, especialmente quando se tem muito ricas envolvidas, vale a regra de que não se pode demorar muito a achar o eixo da investigação. Veja o caso do assassinato do médico Boadyr Veloso, que todos sabiam ser ‘bicheiro’. Acontecido há mais de dois anos, o crime é apontado como ‘desvendado’, mas a polícia não solicita a prisão de ninguém. Há algo estranho no ar, e não são aviões de carreira”.

Matéria Copilada do Jornal Opção

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