segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sport 4 x 3 Náutico: Melhor jogo do ano do futebol brasileiro até agora


24 617 torcedores tiveram o privilégio de acompanhar um dos melhores clássicos dos últimos anos em Pernambuco. Os dois times jogaram bem

Num jogo que fez muita justiça ao que Sport e Náutico fizeram em mais de cem anos de confronto o time da Ilha do Retiro fez valer seu mando de campo ao fazer 4x3, neste domingo (29), pela quinta rodada do Pernambucano Coca-Cola e subiu do quarto para o terceiro lugar na tabela com 11 pontos. De quebra, manteve uma invencibilidade de oito anos frente ao rival em jogos no Adelmar da Costa Carvalho. O Náutico caiu para o segundo lugar com a vitória do Salgueiro sobre o Serra Talhada por 1x0. O Carcará é o novo líder do Estadual.

O JOGO


Logo no primeiro minuto, o meia Marcelinho Paraíba acertava uma cobrança de falta no travessão. Era o indício do que estava por vir. O tripé de volantes no qual o Náutico sustentava-se desde a Série B falhou clamorosamente, expôs a dupla de zaga e acabou com a invencibilidade do goleiro Gideão em apenas seis minutos. Naquele que teoricamente seria o lado mais fraco do Sport, o esquerdo, que tinha um jogador não especialista, William Rocha, saiu o primeiro gol. Numa triangulação, Marcelinho encontrou William Rocha livre na esquerda. Ele cruzou a meia altura e Marlon rebateu para o meio da área. Roberson estava livre e ainda teve tempo antes de ajeitar e chutar forte. A bola ainda bateu no goleiro alvirrubro antes de entrar.



Atordoado com o gol, o time visitante não conseguia encaixar sua marcação. Os dois meias, Eduardo Ramos e Cascata jogavam muito adiantados e isolados. A dupla Elicarlos e Souza recuada demais e apenas Derley para fazer a transição. Nesse mesmo setor o Sport aparecia com Diogo, Marcelinho e Jheimy, sempre com a tarefa de recompor.



Essa superioridade ficou flagrante na jogada do segundo gol, aos 11 minutos. Num cruzamento da esquerda rebatido pela defesa alvirrubra, a bola sobrou para Marcelinho Paraíba. Ele rolou para Diogo cruzar na cabeça de William Rocha, no segundo pau. Ele mandou no canto oposto para fazer 2x0. O terceiro surgiu quase instantaneamente, apenas dois minutos depois. Desordenado o Náutico partiu para o ataque com quase todo time. A defesa leonina estourou para o ataque e Marcelinho ganhou na corrida para Ronaldo Alves antes de rolar para Roberson apenas empurrar para o gol.



Nem mesmo o mais otimista torcedor do Sport esperava um placar tão dilatado num período de tempo tão curto. Talvez nem mesmo os próprios jogadores. Assim, o time rubro-negro optou por explorar mais os contra-ataques. Passou a marcar atrás do círculo central. E mesmo com mais campo o Náutico ainda mostrou-se extremamente desordenado. Muito disso pela falta das duas válvulas de escape de qualquer time: as laterais. Tanto João Ananias quanto Jefferson não deram opção de jogo. Com o meio congestionado, o jogo chegou a ficar mais truncado do que deveria.



De insistir pelo meio, Siloé foi derrubado por Montoya bem perto da meia-lua. Souza foi para a cobrança e bateu com perfeição, no ângulo direito de Magrão. A redução do prejuízo alvirrubro não mudou o panorama da partida. O Náutico continuou preso na marcação bem montada do Sport. E os donos da casa só tentavam atacar na boa. Jogada digna de registro somente outra cobrança de falta por Souza, aos 32, que passou raspando a trave esquerda.



Na volta para ao segundo tempo, o técnico rubro-negro voltou com o lateral-direito Renato no lugar de Jheimy. A alteração provocou mudanças nos três setores. Renato e Thiaguinho renovaram entre a lateral e o meio e Marcelinho foi para o ataque. Na teoria, os dois times estavam "espelhados" - ambos no sistema 4-5-1.



Na prática foi um pouco diferente. Sem a bola, todo time do Sport recuava para seu campo de defesa, até mesmo o único atacante de ofício, Roberson. Mas quando saía para o ataque, Renato, Thiaguinho e Marcelinho faziam companhia para o camisa nove. O que faltou, de um lado e de outro, foi acertar o passe final. Isso só poderia mudar com uma jogada de bola parada bem feita. E ela aconteceu aos 15 minutos para o lado vermelho e preto. Marcelinho bateu escanteio e Tobi, de voleio, chutou para a bola bater na trave e entrar.



Depois do gol, Waldemar Lemos foi para o tudo ou nada. Acionou o jovem atacante Berger no lugar do meia Eduardo Ramos. Já Mazola tirou Diogo e colocou Moacir. Curiosamente foi depois do gol que o Sport adotou um posicionamento menos cauteloso. Marcelinho e Roberson jogaram mais perto da área do Náutico e os rubro-negros chegaram a dar espaço para contra-ataques do rival. Numa cobrança de escanteio, Berger completou entre as pernas de Magrão mas Rivaldo estava atento para salvar a poucos centímetros da linha fatal.



Aos 25 minutos, a situação vislumbrou-se complicada para o Sport. Montoya fez falta em Siloé e levou o cartão amarelo. Como já fora advertido anteriormente terminou expulso. Na sequência, o timbu conseguiu mais um gol, aos 29. Jefferson cortou da lateral para o meio e de pé trocado acertou uma bomba. Depois de brilhar, o lateral alvirrubrou literalmente apagou-se. Fez duas faltas seguidas e tomou o segundo amarelo. Apenas cinco minutos depois do Sport o Náutico também ficava com dez em campo.



Com muito espaço e os jogadores mais desgastados o ritmo da partida caiu. Essa situação favorece quem está se defendendo. Nesse caso foi o Sport, que manteve sua barreira - Thiaguinho não partia mais quando o time tinha a posse de bola. E numa jogada despretensiosa o Náutico chegou perto no placar. Lenon arriscou de longe, a bola desviou na defesa do Sport e, mesmo não sendo tão forte, entrou no canto direito, já que o goleiro Magrão estava adiantado.



Até o apito final, o time dos Aflitos tocou a bola dentro do campo de defesa do rival, que limitou-se a dar chutões para a frente e esperar o tempo se esgotar.



Ficha do jogo



Sport: Magrão; Thiaguinho, Montoya, Tobi e William Rocha; Hamilton, Rivaldo, Diogo (Moacir) e Marcelinho Paraíba (Wagner Silva); Roberson e Jheimy (Renato). Técnico: Mazola Júnior.



Náutico: Gideão; João Ananias (Lenon), Ronaldo Alves, Marlon e Jefferson; Derley, Elicarlos, Souza, Eduardo Ramos (Berger) e Cascata; Siloé. Técnico: Waldemar Lemos. Gols: Roberson, aos seis; William Rocha, aos 11; Roberson, aos 13; Souza, aos 27 do primeiro. Tobi, aos 15; Jefferson, aos 29; Lenon, aos 40 do segundo. Cartões amarelos: Dogo, Marcelinho, Tobi, Elicarlos, Cascata e Derley. Expulsões: Montoya e Jefferson. Público: 24.717. Renda: R$ 266.400.

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